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Como aprender com o erro alheio

POR COSTÁBILE NICOLETTA

Os manuais de administração costumam indicar a leitura de livros que contem histórias de empresários bem-sucedidos. Afinal, são bons exemplos em quem se espelhar para desenvolver um negócio.

Hatiro Shimomoto, presidente da King Contabilidade, pensa um pouco diferente. Nas publicações que envia a seus 450 clientes e nas conversas pessoais que tem com eles, costuma comentar casos de companhias que se deram mal, para que sua freguesia saiba o que não deve fazer e aprender com o erro alheio.

“Tento orientar meus clientes a não fracassar”, afirma Shimomoto, cujo escritório funciona no centro do paulistano bairro da Penha desde 17 de junho de 1960, num amplo terreno onde foram construídos 3.500 metros quadrados distribuídos em dois prédios, um auditório para mais de 200 pessoas, quadra poliesportiva e refeitório para os cerca de 100 funcionários, a maior parte deles com curso universitário completo.

A inspiração de Shimomoto vem do empresário japonês Kazuo Wada, que, depois de presenciar um incêndio destruir a pequena mercearia de seus pais, ajoelhou-se diante das chamas e começou a orar em busca de uma solução para o problema. Das cinzas da loja, criou a primeira unidade do Grupo Yaohan (quitanda, em japonês), que mais tarde se transformou numa das maiores cadeias de supermercado do mundo.

O conglomerado chegou a ter uma rede no Brasil, no início da década de 1970, mas níveis inflacionários altos e a crise de abastecimento de petróleo levaram ao fechamento dos negócios no País, em 1976, apesar de ser considerado um mercado promissor.

No final dos anos 1990, problemas administrativos e familiares provocaram a bancarrota do Yaohan no mundo. Kazuo Wada, no entanto, voltou a ganhar muito dinheiro dando palestras para contar sua história e alertar como se podem evitar erros que provocam a falência de uma companhia.

Hatiro Shimomoto usa exemplos brasileiros, como a Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC) e o Banco América do Sul, entre outras grandes empresas que tiveram influência da colônia nipônica e acabaram quebrando. “Em geral, os problemas começam na área administrativa, em situações não muito claras do ponto de vista contábil”, diz o presidente da King.

Trocando em miúdos: um diretor resolve jogar golfe ou ir a uma festa com o carro e o chofer da empresa onde trabalha. Os gastos do veículo e as horas extras do motorista nem sempre aparecem na contabilidade como de fato são. A soma de várias ocorrências dessa natureza certamente trará problemas financeiros.

Shimomoto procura aplicar na própria King os conselhos que oferece aos clientes e estabeleceu três princípios que devem ser seguidos por todos na empresa:
1 – Não trabalhar apenas pra ganhar dinheiro, e sim para servir e ser útil. O retorno financeiro vem como consequência natural quando se faz um bom trabalho.
2 – Reinvestir na fonte de renda. “Todo lucro da King sempre foi e continua sendo reinvestido na empresa”, assegura seu presidente. “Isso permite que seja sólida, atualizada e cresça de forma contínua.”
3 – Escolher prioridades. O que é mais importante sempre deve ser feito em primeiro lugar.

Periodicamente, Shimomoto pede que funcionários e clientes avaliem o trabalho da King. “O nível de aprovação sempre supera 90%”, conta com a mesma ponta de orgulho que explica a origem do nome que escolheu para o seu escritório: “Meu objetivo era ser o rei da contabilidade”. Conseguiu? “Seria imodéstia de minha parte afirmar isso.”


Crédito da foto que ilustra este texto: Lenilde De León.

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