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Como tornar a relação entre governo e empresas ética?

Diante dos escândalos e denúncias de corrupção que envolvem governo e empresas privadas, a impressão que a sociedade tem é que essa relação entre poder público e setor privado é permeada sempre por ilicitudes, o que nos leva a pensar que elas devam, talvez, ser cada vez menores. Nada mais errado: as decisões governamentais constituem importante fator que impacta a competividade das empresas e essa relação, se feita por um profissional qualificado e de forma ética, gera um ambiente favorável e, por consequência, crescimento econômico.

A explicação é da coordenadora do MBA em Relações Governamentais do ISAE – Escola de Negócios e Dra, em Ciências Sociais pela Unicamp, Andréa Gozetto. No que tange às empresas, a interface com o governo é imprescindível para sua sobrevivência. Afinal, um ambiente de negócios favorável gera crescimento econômico e, por conseguinte, desenvolvimento. Acompanhando as ações do governo, é possível ao mercado identificar antecipadamente riscos e/ou oportunidades. Cientes disso, diversas empresas têm alinhado estratégias de relações governamentais às estratégias de negócios”, esclarece.

Dessa forma, diz Andréa, riscos podem diminuir e as vantagens competitivas, aumentarem. “A abertura de um canal de comunicação entre o governo e as empresas possibilita a avaliação efetiva de propostas e/ou demandas nos processos decisórios, legitimando, assim, a defesa da democracia enquanto ferramenta de tomada de decisões. Dito de outra forma, o binômio governo-empresas pode suscitar um jogo democrático mais equilibrado, aberto e transparente”, ressalta.

Ética

Realizar esse diálogo de forma transparente, sem que interesses pessoais se sobressaiam, é um dos principais desafios. Uma das principais formas de tornar essa relação séria é que, dentro das empresas, ela seja exercida por profissionais capacitados, com habilidades técnicas humanas e pessoais. “Ressalto as capacidades de planejamento, organização, direção e controle, para que ele formule estratégias e táticas eficazes para defesa de interesses, e que construa uma visão sistêmica sobre o funcionamento do processo decisório estatal”, fala a coordenadora do MBA em Relações Governamentais.

A outra é estabelecer um relacionamento impessoal entre agentes públicos e privados. “É necessário construir regras que garantam a isonomia no acesso aos tomadores de decisão. Diante dos mais recentes escândalos de corrupção noticiados pela mídia, é impossível negar que essa possibilidade existe. No entanto, não é adequado generalizar esse fenômeno. Nem toda relação entre agentes públicos e privados é pautada pela ilicitude. Para que esse quadro possa ser alterado é preciso trazer maior transparência ao processo decisório estatal. Os membros do poder público têm o dever de defender o valor democrático da igualdade política. Eles foram eleitos, nomeados ou passaram em um concurso público. Sendo assim, cabe a eles ser o mais transparente possível em suas interações com os agentes privados”, completa Andréa.

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