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Gleriani Ferreira
Em tempos de lava-jato a população tomou mais conhecimento dos métodos adotados em investigações, acompanhando o uso de câmeras e microfones escondidos, além de outros instrumentos tecnológicos cada vez mais eficientes.
No âmbito empresarial, muitos prejuízos são causados com desvios de cargas, inadimplência por parte de clientes-fantasma, subornos e propinas orquestradas por colaboradores de diversas áreas. Por serem assuntos sigilosos, poucos livros e artigos acadêmicos apresentam casos e seus desdobramentos. Além disso, como diz o ditado popular, apenas colocamos o cadeado no portão depois do roubo. No entanto, muitas empresas estão aderindo às boas práticas de Compliance exatamente porque estão percebendo os inúmeros riscos aos quais estão expostas.
Edson Cardoso, da Igefe Consultoria, possui mais de 20 anos de experiência em Compliance e diz que empresas de todos os portes podem registrar perdas em alguma parte das suas operações, mas para ele muitos casos são evitáveis. “Não devemos fazer julgamentos antecipados, mas também não podemos subestimar as pessoas”. Sua experiência mostra que frequentemente as fraudes contam com colaboradores de diferentes departamentos que atuam como uma quadrilha, podendo envolver também parceiros externos.
Boas práticas que evitam prejuízos financeiros e reputacionais devem começar com a definição de um Código de Conduta, mas não se trata apenas de mais um manual para ser esquecido na gaveta ou na intranet das grandes corporações. Um Canal de Denúncias costuma ser muito eficiente, principalmente porque dá voz àqueles que estão sendo penalizados ou notaram alguma irregularidade e querem denunciar em segurança. Cardoso destaca que todos os casos devem ser apurados com sigilo e imparcialidade.
Treinamentos periódicos, mapeamento de riscos e o olhar atento de uma área de Compliance também são medidas capazes de melhorar a performance da empresa, evitar desperdícios e prejuízos de diversas formas.
Por fim, empresários e gestores, reservem uma parte do seu dia para o planejamento estratégico. Delegue as atividades rotineiras e, todos os dias, abram um espaço na sua agenda para observar sua organização, seus concorrentes e seus clientes. Somente assim será capaz de identificar riscos e oportunidades para a sustentabilidade do seu negócio.
Gleriani Ferreira é professora de Sustentabilidade da Universidade Presbiteriana Mackenzie Alphaville
