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Contabilidade perde Iran Siqueira Lima

Por Katherine Coutinho

Infelizmente, informamos que o presidente da Fipecafi, Iran Siqueira Lima, faleceu na manhã desta sexta-feira (29), em decorrência de problemas de saúde. Esta é uma grande perda para a Contabilidade e a Economia brasileira.

Para conhecer e lembrar a trajetória de sucesso deste profissional, reveja o perfil que o Portal Dedução publicou em 2 de março de 2015.

Contabilidade pública: implantação das IPSAS deve demorar 

As normas internacionais de Contabilidade para o setor público deveriam ter sido implantadas no Brasil em 2014, no entanto, ainda não há previsão para que isso ocorra. O motivo é a dificuldade em colocar em ordem as contas do Estado e capacitar os seus funcionários para trabalhar com esse novo método. Iran Siqueira Lima – mestre e doutor em Contabilidade e Controladoria e atual presidente da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras – Fipecafi – conta que a implantação do International Public Sector Accounting Standards Board – IPSASB (ou IPSAS) é mais complexa do que a das IFRS, que já foram adotadas pelo setor privado, em especial pelas grandes empresas e S.A.s, além de terem tornado-se obrigatórias, através da Lei 11.638/2007.

Além da adaptação dos funcionários públicos, é preciso lidar com a Lei 4.320, de 17 de março de 1964 – que ainda não foi revogada. “A contabilidade pública é mais complexa, porque mexe com orçamento direto. Quem trabalha há todos esses anos em órgãos públicos está acostumado apenas a fazer fluxo de caixa e agora terá de pensar como empresa. Mas não é impossível, apenas levará mais tempo do que as IFRS”, explica o professor, que é um ícone da Contabilidade Brasileira.

“Por exemplo: na contabilidade pública, você tem que avaliar uma praça, um prédio, um rio… Esses critérios devem ser estabelecidos e analisados pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC e esse processo demora. Não é que a contabilidade pública seja mais difícil, é apenas mais demorada”, afirma. “Apenas o governo do Estado de Minas Gerais, o Rio de Janeiro e mais um Estado que já implantaram o IPSASB. O governo do estado de São Paulo, por exemplo, ainda não. Esse processo gera um custo, mas também traz muitos benefícios. Será possível saber quanto vale a Prefeitura de São Paulo, saber o quanto vale o que se tem hoje”.

Apesar de ser importante para transparência das contas públicas, a implantação do novo sistema não deve diminuir a corrupção. Na opinião do especialista, apenas a desburocratização teria esse poder.

Economia brasileira

“O problema da economia brasileira é falta de confiança dos investidores”, afirma. Sua análise não é leiga: a afirmação é baseada no seu amplo conhecimento em mercado econômico, uma vez que foi o primeiro diretor do Banco Central e primeiro diretor de fiscalização da mesma entidade. Atualmente é consultor de empresas na área financeira dos mais diversos portes e áreas de atuação. É membro do Conselho Fiscal do Banco Itaú, da Duratex, da FUSP e do IBRI – Instituto Brasileiro de Relações com Investidores, e do Conselho de Administração da Petroquímica União e da RIOPOL. É integrante da Comissão de Arbitragem da Bolsa de Valores de São Paulo e da Comissão de Listagem – Bovespa / Mais da Bolsa de Valores de São Paulo.

Um conjunto de fatores levou o País a uma recessão, cujos efeitos estão começando a ser sentidos pela população, principalmente no bolso, uma vez que a medida escolhida pelo novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, foi apertar os impostos para aumentar a arrecadação. Segundo o professor, o principal motivo para a crise financeira à qual chegamos foi a falta de uma equipe qualificada no governo. Essa deficiência não durou pouco tempo, mas sim pelo menos três gestões de quatro anos cada.

“A atual presidente só está montando uma equipe, do ponto de vista econômico, agora. Já mudou com a transição do Guido Mantega para o Levy. Não se pode mentir para os investidores prometendo um crescimento que não irá ocorrer. Os investidores já têm todos os dados, eles só precisam ouvir a verdade, mesmo que ela traga um problema”.

Siqueira Lima acredita que o Brasil precisa fazer agora uma análise administrativa para saber o que precisaria se ajustar, o que seria difícil, porque foram assumidos muitos compromissos políticos.

Ele acredita que o mesmo se aplica à Petrobrás, e estima um poder de recuperação da maior empresa brasileira em cerca de dois anos, desde que as medidas certas sejam adotadas. Entre elas está a possibilidade de trabalhar para desenvolver ainda mais o que está dando certo na empresa e retirando o que não está funcionando na companhia.

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