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Edgar Cornacchione: uma sociedade a preço zero em 30 anos

Publicado em 17/12/2014, às 11h08

Por Katherine Coutinho

Já pensou se os empregos como conhecemos hoje acabassem? E se as negociações não fossem baseadas apenas em dinheiro como forma de remuneração primária? Para o contador e professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo – FEA-USP, Edgar Cornacchione essas hipóteses não são meras teorias, mas sim uma possibilidade real de que aconteça a médio prazo.

Apesar de ser assustadora à primeira vista, a teoria prova seu mérito ao se analisar a pesquisa de Cornacchione, nomeada “Zero Price Account” (sociedade a preço zero, em tradução livre). Nela, o docente explica que em cerca de 30 anos, os negócios serão vistos de outra maneira, pelo potencial do indivíduo em relação ao produto ou serviço oferecido, mais do que pelo valor financeiro no que se refere a moeda.

Cornaccione exemplifica: “Em Londres há um restaurante que oferece o almoço gratuitamente, com a única condição de que os seus clientes postem fotos em determinada rede social com a sua opinião sobre o prato consumido, seja ela boa ou ruim. Isso é marketing e, mesmo que gere custo, traz um retorno diferenciado”.

De acordo com Cornacchione, para entender esse conceito, é preciso se perguntar: como devo me preparar para isso? Em uma era de constantes evoluções tecnológicas, até mesmo a figura do professor como é conhecido hoje deve mudar, abrindo espaço para um sistema educacional eletrônico e interativo, mesmo que sem abrir mão do tradicional método de ensino aplicado no Brasil.

“Cada pessoa tem um ritmo e uma forma de aprendizado diferente, portanto, para as gerações anteriores pode ser mais fácil aprender com o professor explicando. Mas percebemos que para as novas gerações é difícil manter a atenção em um indivíduo falando por duas horas seguidas. Elas tendem a se interessar mais quando há outros recursos envolvidos”, explicou o professor.

Por isso, o docente, que é mestre, doutor, Ph.D. em Human Resource Education pela University of Illinois of Urbana-Champaign (EUA) e livre-docente em Ciências Contábeis, montou uma equipe e com ela desenvolveu um jogo online para explicar a história da Contabilidade aos estudantes de graduação. O jogo foi indicado ao prêmio Games For Change e tem apresentado resultados favoráveis ao ensino com tecnologia.

Quanto aos empregos, funções básicas tendem a desaparecer com a evolução da tecnologia. Um bom exemplo disso é a figura do motorista, uma vez que em breve será possível ver carros totalmente automatizados nas ruas.

Essa teoria se aplica na Contabilidade da seguinte maneira: se a forma de negócios muda sua base de remuneração, é preciso desenvolver uma nova forma de cálculo de balanço, já que a entrada não será necessariamente em dinheiro.

“É algo para se preparar. A tecnologia evolui a olhos vistos e a forma como a sociedade lida com isso também. Claro, não é uma mudança em curto prazo, mas ainda assim é visível. Por isso é importante prospectar o que será exigido do profissional da Contabilidade, que continuará a ser necessário, mas terá de passar por grandes adaptações e atualizações para conseguir se adequar às necessidades do mercado.”

De acordo com Cornacchione, essas mudanças exigirão um olhar multidisciplinar dos contadores, que não poderão ficar restritos aos aspectos práticos da profissão, mas precisarão ter uma visão ampla de mercado e de como as mudanças ocorridas no mundo podem afetar os seus clientes. “O que nos leva de volta à questão da educação, que precisará sim agregar a tecnologia para se desenvolver”, lembrou.

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