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Juros altos e burocracia dificultam crédito

A falta de crédito é um dos maiores obstáculos no Brasil para o crescimento dos pequenos negócios. Em busca de soluções para destravar o acesso aos financiamentos, o Sebrae realizou pesquisas que mostram, em profundidade, a relação dos negócios de pequeno porte com o sistema financeiro.  Os resultados foram apresentados no Fórum de Cidadania Financeira, organizado pelo Sebrae e Banco Central, em Brasília.

O principal dado da pesquisa é que, no Brasil, 30% dos pequenos negócios não possuem qualquer relacionamento com os bancos comerciais como pessoa jurídica. Quanto menor a empresa, mais distante ela está do sistema financeiro. Desse universo, as empresas de pequeno porte (EPP) são as que mais se relacionam com os bancos (93%), seguidas de perto pelas microempresas (ME), com 84%. Já entre os microempreendedores individuais o índice é bem menor: 45%.

Segundo o levantamento, os pequenos negócios têm pouco acesso ao crédito, usando os bancos principalmente para movimentar suas contas-correntes. Os empréstimos bancários, de acordo com a pesquisa do Sebrae, são apenas a quarta fonte de crédito para os pequenos empreendedores. A primeira fonte são os pagamentos a prazo oferecidos pelos fornecedores.

Dificuldades no acesso

A pesquisa do Sebrae investigou as principais dificuldades enfrentadas pelos pequenos negócios ao pedir empréstimos aos bancos. Juros, burocracia e exigências de garantia são os principais obstáculos indicados pelos entrevistados.

A maior parte dos micro e pequenos empresários possui relacionamento com bancos por meio de conta corrente como pessoa física: 89% entre os EPP, 84% dos ME e 71% dos MEI. Ao pedir empréstimos, porém, a maior parte o faz em nome da pessoa jurídica: 92% dos EPP, 83% dos ME e 54% dos MEI.

Taxas de juros muito altas foram a principal reclamação dos pequenos empresários que pediram um novo empréstimo nos últimos seis meses: 60% entre os EPP, 49% dos ME e 34% dos MEI. Falta de avalista/fiador vieram em seguida para 17% dos MEI, 13% dos ME e 12% dos EPP; e a falta de garantias reais foi o motivo para 15% dos EPP, 13% dos ME e 14% dos MEI. Aproximadamente 30% dos pequenos empresários, no entanto, não tiveram nenhuma dificuldade: 28% dos empreendedores de pequeno porte; 29% dos ME e 27% dos MEI.

Consequentemente a redução dos juros foi a principal ação reivindicada por esses empresários para facilitar a aquisição de financiamentos bancários: 50% dos EPP e ME e 45% dos MEI. Em seguida vêm a redução da burocracia, apontada por 29% dos EPP, 30% dos ME e 32% dos MEI, e maior conhecimento das linhas de crédito, respondidas por 5% dos EPP, 6% dos ME e 8% dos MEI.

Crédito escasso

A maior parte desses pequenos empresários, no entanto, já utiliza algum tipo de financiamento como pessoa jurídica. Pagamento de fornecedores a prazo é utilizado por 76% dos EPP, 72% dos ME e 53% dos MEI. Já o pagamento com cheque pré-datado é utilizado por 57% dos EPP, 51% dos ME e 34% dos MEI. Cartão de crédito empresarial, cheque especial e empréstimo em bancos oficiais aparecem na sequência, com índices que variam entre 20 e 30%.

Obtenção de capital de giro, compra de mercadorias para revenda e compra de máquinas e equipamentos são os principais motivos que levam os pequenos empresários a pedir novos empréstimos em banco. Capital de giro vem em primeiro lugar para EPP (64%), ME (62%) e MEI (44%); compra de mercadorias vem em segundo: 28% dos EPP, 27% dos ME e 43% dos MEI; e compra de máquinas para 31% dos EPP, 27% dos ME e 36% dos MEI.

A principal razão dos bancos para não conceder empréstimos para as pequenas empresas é a falta de linha de crédito para o perfil do empreendimento. A resposta foi dada na mesma proporção – 27% – para empresas de pequeno porte e MEI e para 17% das microempresas. Conta corrente ou empresa muito nova foi o motivo para 5% das EPP, 3% das ME e 11% dos MEI; e saldo médio em conta insuficiente para 10% dos MEI e 6% das ME. Já as EPP não tiveram esse motivo alegado.

Na comparação entre os valores pedidos e o que foi efetivamente emprestado pelos bancos, os MEI perderam para as pequenas. Dos R$ 13 mil pedidos, em média, pelos microempreendedores individuais, somente R$ 9,6 mil (72%) são efetivamente emprestados. Esse percentual sobe para 87% para microempresas (R$ 36 mil pedidos e R$ 31,3 mil emprestados) e 92% para empresas de pequeno porte (R$ 56 mil solicitados contra R$ 51,5 mil depositados).

Fonte: Sebrae

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