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MPEs têm a maior queda na receita em 17 anos

As micro e pequenas empresas (MPEs) do Estado de São Paulo registraram queda de 19,2% no faturamento real (já descontada a inflação) em setembro na comparação com o mesmo mês de 2014, segundo a pesquisa Indicadores Sebrae-SP. Foi o maior porcentual de queda para um mês de setembro em relação a igual período do ano anterior desde o início do levantamento da série, ou seja, há 17 anos.

A receita total das MPEs em setembro foi de R$ 48,1 bilhões, R$ 11,5 bilhões abaixo da registrada em setembro de 2014. No acumulado de janeiro a setembro, a redução no faturamento chega a 12,1% sobre o mesmo período de 2014.

Ao comparar setembro deste ano com setembro de 2014 vemos que o recuo no faturamento atingiu todos os setores: foi de 8,5% na indústria, de 18,5% no comércio e de 23,6% nos serviços, este puxado para baixo pelo fraco desempenho dos segmentos de serviços prestados às empresas e de transporte e armazenagem. No caso da indústria, a queda menos acentuada ante os outros setores se deve à base mais fraca de comparação. Em setembro de 2014, a indústria havia apresentado redução de 2,6% no faturamento sobre setembro de 2013 e em igual período, a receita média das MPEs do Estado teve aumento de 6,9%.

A queda no faturamento das MPEs está ligada ao nível mais fraco de demanda na economia, à piora nas condições do mercado de trabalho, com mais desemprego e redução na renda real dos trabalhadores. Esses fatores contribuíram para a diminuição do consumo das famílias, enfraquecendo, também, a procura das empresas por insumos e serviços de outras empresas.

Segundo especialistas do Sebrae-SP, a economia não tem dado sinais de reação e a consequência é a piora nos resultados das empresas, ainda mais nas micro e pequenas que são mais dependentes do mercado interno. Esse cenário só vai melhorar se houver uma mudança de rumo e a retomada do crescimento.

Por regiões, a derrocada foi geral. No município de São Paulo, houve declínio no faturamento de 26,9% em setembro de 2015 sobre o mesmo mês do ano anterior. Na Região Metropolitana de São Paulo a receita caiu 20,9% e no interior do Estado a retração ficou em 17,6%. O Grande ABC, por sua vez, viu o indicador encolher 30,3%; no entanto é preciso considerar que a queda relativamente mais forte ocorreu por causa da base de comparação, já que em setembro de 2014 as MPEs da região tiveram aumento de 19,2% na receita ante a média de crescimento de 6,9% no Estado.

Empregos e salários

De janeiro a setembro, as MPEs paulistas aumentaram em 1,7% o total de pessoal ocupado (sócios-proprietários, familiares, empregados e terceirizados) em relação ao acumulado de igual período do ano passado. Porém, a folha de salários teve redução real de 1,6% e o rendimento dos empregados caiu 2%.

Expectativas

Para os próximos seis meses, 56% dos donos de MPEs paulistas disseram, em outubro, esperar estabilidade no faturamento do negócio, o que demonstra uma pequena queda ante outubro de 2014, quando 58% deles tinham essa expectativa. Os que aguardam piora no faturamento são 12%; um ano antes, 7% compartilhavam essa opinião. Os que acreditam em melhora são 23%; em outubro de 2014 a parcela de quem pensava assim era de 26%.

No que se refere ao nível de atividade da economia brasileira, os próximos seis meses devem ser de estabilidade para 41% dos proprietários de MPEs do Estado de São Paulo. Eram 50% em outubro de 2014. A piora é esperada por 37% deles, bem mais do que os 16% de um ano antes. A economia deve melhorar na visão de 14%; já em outubro de 2014, eram 19% os que acreditavam nisso.

Resultados dos Microempreendedores Individuais

Pela primeira vez, a pesquisa Indicadores Sebrae-SP divulgou resultados para os Microempreendedores Individuais (MEIs) e a partir de agora passa a apresentá-los mensalmente. A apuração mostra que o faturamento real dos MEIs do Estado de São Paulo caiu 21,5% em setembro em relação ao mesmo mês de 2014. A receita total dos MEIs no período foi de R$ 2,3 bilhões, o que representa R$ 639,5 milhões a menos do que um ano antes. A inflação já está descontada desses números.

O setor com pior desempenho entre os MEIs foi o do comércio, cujo faturamento em setembro deste ano sobre igual mês de 2014 foi 31,6% menor. A indústria aparece em seguida com resultado 24,3% inferior na mesma comparação. O setor de serviços teve queda menos acentuada na receita, de 9,6%.

Na análise por regiões, o faturamento dos MEIs do interior do Estado apresentou diminuição de 31,4% em setembro ante o mesmo mês de 2014. Os MEIs que atuam na Região Metropolitana de São Paulo apresentaram recuo de 12% na receita, em igual período.

Segundo a legislação, MEI é quem trabalha por conta própria, ganha até R$ 60 mil por ano, se formaliza como empresário, não tem participação em outra empresa como sócio ou titular e exerce atividades incluídas na categoria, como cabeleireiro, eletricista, jornaleiro, manicure, mecânico, pedreiro, serralheiro, técnico de manutenção de computador, entre outros. No Estado de São Paulo, existem hoje cerca de 1,4 milhão de MEIs.

Em relação ao futuro, os MEIs se mostraram um pouco mais otimistas que os proprietários de MPEs. Em outubro, 48% disseram esperar aumento no faturamento do negócio nos próximos seis meses. Apesar de ainda serem maioria os que pensam assim, em outubro de 2014 esse grupo era um pouco maior e reunia 51% dos MEIs paulistas. A parcela dos que aguardam estabilidade praticamente permaneceu a mesma: eram 37% em outubro de 2014 e agora são 36%. Os MEIs que acreditam em piora são 12%, ante 9% em outubro do ano passado.

As perspectivas dos MEIs sobre o comportamento da economia mostram pessimismo em nível relativamente elevado. Para 43% dos MEIs, a situação vai piorar nos próximos seis meses. Em outubro de 2014, 25% tinham essa opinião. Os que aguardam estabilidade são 29%; eram 35% um ano antes. Na visão de 24%, haverá melhora na economia ante 32% em outubro do ano passado.

A pesquisa

A pesquisa Indicadores Sebrae-SP é realizada mensalmente, com apoio da Fundação Seade. São entrevistados 1.700 proprietários de MPEs e 1.000 MEIs do Estado de São Paulo por mês. No levantamento, as MPEs são definidas como empresas de comércio e serviços com até 49 empregados e empresas da indústria de transformação com até 99 empregados, com faturamento bruto anual até R$ 3,6 milhões. Os dados reais apresentados foram deflacionados pelo INPC-IBGE.

Fonte: Sebrae

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