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‘O que aprendi ao procurar pelos sócios certos e quais as armadilhas me coloquei’

Por Alexandro Barsi*

Em mais de uma década como empreendedor, foram muitas as situações as quais me deparei com uma sinuca de bico na escolha de um novo sócio. Algumas foram bem-sucedidas, outras nem tanto. O que não dá para negar é o quanto aprendi ao lidar com pessoas, afinal nos negócios, nem sempre é de empresa para empresa, mas de profissional para cliente. No fundo são as relações humanas que importam quando vamos dividir nossos sonhos com alguém. E no business não é diferente.

Confesso! Já desfiz transações aos 45 do segundo tempo, quando o outro lado achava que a partida estava ganha. Já investi em uma startup e depois descobri que o dinheiro foi usado para um propósito completamente diferente. Apostei em uma empresa em que a dívida era muito maior do que se imaginava.

Eu sou um cara muito orientado pela intuição. Muitas vezes, está todo mundo se encaminhando para um lado e eu vou no sentido oposto. Gosto de ponderar: será que é o momento certo? Nunca fiz nada guiado apenas pela minha emoção, mas pela razão. Uma coisa que não faço é por agir por impulso.

Já passei por armadilhas e insucessos, quando não vi exatamente o que estava por trás e descobri um rombo maior do que imaginava. Em uma das situações, desisti de uma sociedade de uma empresa bem interessante apenas por conta de uma frase que o ‘ex-futuro sócio’ disse momentos antes da assinatura do contrato, indicando uma falta de ética e comprometimento. Nesse caso em especial, meu feeling me guiou para uma escolha assertiva, já que o tempo mostrou que a situação da referida empresa era muito mais do que delicada.

Todo o aprendizado que tive me deixou mais maduro na seleção dos meus dois atuais sócios. Lembro como se fosse hoje que, em uma das primeiras conversas com um deles, a primeira coisa que pedi foi: ‘seja honesto e verdadeiro’, afinal, prefiro saber a real do que ter surpresas no caminho. Ele me mostrou um levantamento detalhado da empresa nos dias seguintes, consolidando a parceria pouco tempo depois.

O amigo do amigo… cautela!

Certa vez, meu amigo me apresentou um cara brilhante, de uma startup promissora que procurava por investidores. Para melhorar, o pai desse rapaz já havia sido mentor do meu amigo e é um sujeito por quem temos apreço. Qual a chance desse negócio dar errado?

A apresentação do idealizador da startup foi impecável, e ainda por cima descobri que tínhamos afinidades pessoais, algo que me deixou propenso a aceitar a proposta: Um valor considerável, dividido em parcelas. Entretanto, eu quis travar um contrato, ele não. Eu insisti e seguimos.

Comecei a injetar o dinheiro e seis meses depois, quando questionava sobre o andamento dos negócios, ele se esquivava: ‘está caminhando’, até que meu feeling novamente me alertou. Após intensa apuração, descobri que o dinheiro foi usado para o desenvolvimento de um outro aplicativo, sem qualquer relação com o produto documentado em contrato. Não tive dúvidas, questionei e exigi meu dinheiro de volta, que só recebi quando a Justiça me deu ganho de causa graças às assinaturas no contrato.

Como diz o ditado: ‘Gato escaldado tem medo d´água fria’. Hoje, vejo com clareza que nos negócios, intuição e documentação são essenciais para não haver prejuízos. Com amigos ou desconhecidos, quando se trata de dinheiro e poder, toda a negociação precisa estar muito bem estipulada no papel. É preciso gastar o tempo necessário para redigir um contrato que te resguarde de eventuais problemas, caso contrário, o trabalho durante a rescisão será ainda maior.

Também é importante utilizar a razão em vez da emoção, para evitar empolgação ou até mesmo ceder a apelos emocionais. E a confiança, sem dúvida, é um ingrediente essencial, afinal, uma sociedade é igual a um casamento, impossível de funcionar sem a convicção de que a outra parte é a pessoa certa.

*Alexandro Barsi é sócio-fundador e CEO do Verity Group, ecossistema de empresas que prestam consultoria para transformação digital e gestão de ponta a ponta. É formado em gestão na Northwestern University – Kellogg School of Management e Fundação Dom Cabral

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